“Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo João a tomou para casa”. João 19:27
Desconfio que João, o autor do 4º. Evangelho, era um menino de 10 anos quando conviveu com Jesus. Podemos deduzir isso facilmente considerando algumas evidências externas, tais como:
1. A época que o livro foi escrito (na década de 90 d.C.) e calculando a idade provável do autor: 70 anos.
2. Jesus exerceu seu ministério por volta do ano 30, ou seja., 60 anos antes da redação do 4º. Evangelho,
3. Podemos supor que João tinha cerca de 10 anos na ocasião em que acompanhou Jesus como discípulo.
Mas, além desse dado cronológico, o próprio Evangelho nos oferece importantes evidências internas que são ainda mais convincentes. Vejamos algumas:
1ª. Evidência: Só uma criança poderia ser o discípulo amado (João 13:23). A expressão “o discípulo a quem Jesus amava”, pode ser entendida como “o discípulo predileto de Jesus”. Quando houve uma discussão entre os discípulos acerca de qual deles era o maior, Jesus chamou uma criança para o meio e disse que o maior no Reino seria aquele que se tornasse como criança. Desconfio que essa criança era João, que então passa a ser definitivamente tratado como um dos doze. Seja como for, Jesus não teria como o “amado”, o “predileto” ou o “maior”, alguém que não fosse como uma criança.
2ª. Evidência: Só uma criança se aconchegaria no colo de Jesus durante um jantar (João 13:25). A Ceia aconteceu tarde da noite e, provavelmente, os discípulos estavam cansados. João faz uma coisa que somente uma criança teria a coragem de fazer: deitar para um cochilo no colo do mestre de cerimônias. Somente as crianças têm essa liberdade para o contato físico sem a conotação maliciosa dos adultos. Ainda que João tivesse mais de 10 anos, certamente ele era um dos que realmente se tornara como uma criança.
3ª. Evidência: Só uma criança teria a coragem de perguntar e dizer coisas tão indiscretas (João 13:25). Durante a Ceia, Jesus dissera que um dos discípulos o trairia. Foi um constrangimento geral. Os discípulos se entreolharam. Pedro, provavelmente a pedido dos demais, faz sinal pra João, que estava no colo de Jesus, pra que ele fizesse a pergunta que ninguém tinha tido coragem de fazer: “Senhor, quem é?” (13.25). A resposta de Jesus também é um sinal de que ele estava falando com uma criança, porque não deu uma resposta racional, mas uma resposta concreta (v. 26).
Somente João relata alguns episódios da vida de Jesus, omitidos por outros escritores adultos. Por exemplo: João conta que Jesus chorou; É único a informar que quem ofereceu os cinco pães e os dois peixes, no episódio da multiplicação, foi um menino; Conta ainda que na crucificação juntamente com Maria, mãe de Jesus, a quem Jesus disse: “Mulher eis aí teu filho.
Quais as lições desses textos para nós?
Se isso for assumido como verdade, se o fato de que João era uma criança (tanto faz se de 10 ou de 90 anos), que implicações isso traz para a nossa leitura do Evangelho, e para o batismo infantil?
1. Um encorajamento para levarmos as crianças a Jesus - Jesus disse: “Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus” (Mc 10.14). Ele diz que quem recebe uma criança em seu nome é o mesmo que receber a ele próprio (Mc 9.36,37). Jesus afirma que fazer uma criança tropeçar é uma atitude gravíssima (Mc 9.42). Devemos ser facilitadores para as crianças chegarem aos pés do Salvador.
2. Uma reprovação de Jesus aos que estorvam as crianças de virem a ele – Jesus ficou indignado com seus discípulos quando estes passaram a repreender aqueles que traziam as crianças (Mc 10.14). Jesus ficou indignado quando viu que os discípulos afastaram as pessoas em vez de introduzi-las a ele. Jesus fica indignado quando identifica o pecado do preconceito na igreja. Jesus disse: “Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele” (Mc 10.15).
3. Uma revelação maravilhosa acerca das crianças – Jesus é enfático, quando afirma: “... porque dos tais é o reino de Deus” (Mc 10.14). Com isso, Jesus não quis dizer que as crianças são inocentes. O pecado original atingiu toda a raça. As crianças nascem em pecado e têm um coração inclinado para o mal. Jesus também não quis dizer que as crianças estão salvas pelo simples fato de serem crianças. O que Jesus quis dizer é que as crianças vêm a ele com total confiança. Elas crêem e confiam. Elas se entregam e descansam. Jesus está dizendo que o reino de Deus não pertence aos que se acham dignos, mas é um presente aos que são tais como crianças, isto é, humildes e dependentes.
GUIA DEVOCIONAL - 2011 COM DEUS
“Fides quaerens intellectum.”
(Porque creio, busco entender!)
Pr. Carlos Henrique
Igreja Metodista de Timóteo
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