“Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros”. João 14:18
Deus está ausente? Qual o significado da partida de Jesus, de sua ausência? A leitura do texto coloca-nos diante do quadro evidente: Jesus e os discípulos. Todavia, para muitos leitores, passa desapercebido que há um outro quadro tão tenso e difícil quanto o vivido por Jesus e os discípulos. Qual é? Trata-se da experiência do autor do evangelho e da comunidade e fé para a qual ele escrevia. O autor afirmava que os textos do evangelho “foram escritos para que creiais que Jesus é o cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” Sim, os objetivos eram diretos, mas os textos falavam a igrejas na Ásia Menor que viviam momentos difíceis.
Esses momentos aconteceram no tempo do imperador Domiciano (d.C), época de grande efervescência religiosa, pois ganhava corpo o culto ao imperador. Domiciano revelou-se como um governante tirânico. Havia herdado o trono de seu irmão mais velho, Tito; este, igualmente conquistador, mas clemente com seus súditos. Quando Domiciano assumiu o trono, mostrou-se estrategista e administrador, mas, conforme ganhava confiança, revelou-se cruel. Reivindicou para si o título de Senhor (dominus) e a sua divinação em vida (deus). a partir daí, organizou-se o culto ao imperador, perseguiu os cristãos intensamente, especialmente pela sua recusa de o reconhecerem com Senhor e deus. No Apocalipse, há um indício claro desse fato, exatamente nas cartas às igrejas da Ásia Menor (Ap. 2:9-10).
Foi em seu governo que João, o autor do evangelho e do Apocalipse, enfrentou toda a perseguição, acabou condenado à morte e, conforme testemunho de Tertuliano, um dos pais da Igreja, teria sido lançado em uma imensa caldeira de azeite fervendo, e, para espanto de seus executores, saiu ileso. Diante do impacto e testemunho que isso causou no meio do povo, teria sido enviado para o exílio na ilha de Patmos.
Assim é que a palavra de Jesus adquire um significado todo especial para as igrejas da Ásia Menor que também viviam sob ameaça e viam seus dirigentes serem torturados. Sentiam no próprio corpo a perseguição, o sofrimento, por sua fé, e eram chamados ao testemunho de que só um é o Senhor – Jesus. Esta é a razão da importância de recuperarmos o rosto, a vida da igreja primitiva, primeira destinatária desta mensagem de fé dada por Jesus aos discípulos: 1º Eu sei o que vocês estão sentindo em vossos corações! 2º saibam que vocês não estão sozinhos!
Hoje, nós podemos dizer que continua sendo vital para as pessoas saberem disso, ou seja, de que Jesus sabe e se importa com os nossos sentimentos, e mais: ele não nos deixa sozinhos. Abandono e solidão são temas do dia-a-dia do povo, e podemos dizer que em todos os povos e culturas é motivo de preocupação, é causa de atos desesperados. Devemos anunciar aos qutro cantos, sim, por todos os lados, como o profeta Isaías (Is. 54:10). E também (Mt. 28:20b).
- Que ameaças existem hoje que podem nos causar temos e nos impedir de dar o testemunho autentico de um verdadeiro cristão?
- Em nossa igreja, como podemos vencer esses temores e assumir fielmente o papel de testemunhas?
- Que pensamentos vêm a nossa mente quando ouvimos a expressão referente a Jesus: “Eu sei o que vocês estão sentindo?”.
GUIA DEVOCIONAL - 2011 COM DEUS
“Fides quaerens intellectum.”
(Porque creio, busco entender!)
Pr. Carlos Henrique
Igreja Metodista de Timóteo
Nenhum comentário:
Postar um comentário